QUINTA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 1973 (cont.)
Uma réstia de sol amarelo-esbranquiçada escondia-se por detrás do horizonte, quando a coluna, por fim, atingiu, sem percalços, as portas da vila do Zóbué. Foi quando uma sinfonia desconexa de buzinadelas dos klaxons das viaturas militares anunciou a chegada da coluna, no seu habitual ritual do dia a dia.
À passagem pelo hospital, os indígenas aproximavam-se da berma do caminho de terra batida — ao alcatrão ainda não foi dada oportunidade para visitar estas paragens — ladeada por enormes e centenários plátanos. Esquecendo por instantes as suas penas, dores e canseiras, a população batia palmas e acenava à passagem dos carros. Duzentos metros à frente, lá estava o quartel com placas em madeira, sinalizando LISBOA — 20000Km; PISCINA — 150mts; MALAWI — ao lado.
Eufóricos, soltando urras e vivas, a “velhice” correu ao encontro dos heróis do dia, não só para vitoriar os companheiros de ofício, mas também para saudar e desejar as boas vindas à Companhia que lhes vem render. Numa enorme faixa branca, colocada ao lado da porta de armas podia ler-se: BENVINDOS AO ZÓBUÈ.
A rendição de uma Companhia em zona de guerra tem um valor imensamente grande para quem vai partir dentro de um par de dias.
Como um farol de salvação para o náufrago ou o balão de oxigénio para o moribundo, este acto significa o visto no passaporte do prisioneiro a caminho da liberdade. No caso presente, assinala o cumprimento de metade da comissão para os rendidos.
A recepção aos portugas, com notícias frescas da terra e o camuflado cheirando a naftalina, prolongou-se pela noite dentro. Trocaram-se abraços, ganharam-se novos conhecimentos, conquistaram-se novas amizades, contaram-se dezenas de histórias, verdadeiras umas, nem tanto, outras.
À luz ténue de um coto de vela emprestado, o 1º cabo Costa redigiu meia-dúzia de frases numa folha de papel de bloco amarrotado, mas simpaticamente cedido pelo soldado Casqueira.
“— Querida mãe e irmãos. Escrevo para lhes dar a saber que cheguei bem de saúde ao quartel. Estou no interior, numa pequena vila, muito longe da cidade. Os que já cá estão contaram-me coisas que não sei se devo ou não acreditar, mas tudo se há-de compor. ... ... ... Adeus até ao meu regresso.”
A primeira mensagem escrita da zona de guerra para a família, na esperança de conceder-lhe um pouco de apoio moral, está pronta para seguir no próximo correio.
À passagem pelo hospital, os indígenas aproximavam-se da berma do caminho de terra batida — ao alcatrão ainda não foi dada oportunidade para visitar estas paragens — ladeada por enormes e centenários plátanos. Esquecendo por instantes as suas penas, dores e canseiras, a população batia palmas e acenava à passagem dos carros. Duzentos metros à frente, lá estava o quartel com placas em madeira, sinalizando LISBOA — 20000Km; PISCINA — 150mts; MALAWI — ao lado.
Eufóricos, soltando urras e vivas, a “velhice” correu ao encontro dos heróis do dia, não só para vitoriar os companheiros de ofício, mas também para saudar e desejar as boas vindas à Companhia que lhes vem render. Numa enorme faixa branca, colocada ao lado da porta de armas podia ler-se: BENVINDOS AO ZÓBUÈ.
A rendição de uma Companhia em zona de guerra tem um valor imensamente grande para quem vai partir dentro de um par de dias.
Como um farol de salvação para o náufrago ou o balão de oxigénio para o moribundo, este acto significa o visto no passaporte do prisioneiro a caminho da liberdade. No caso presente, assinala o cumprimento de metade da comissão para os rendidos.
A recepção aos portugas, com notícias frescas da terra e o camuflado cheirando a naftalina, prolongou-se pela noite dentro. Trocaram-se abraços, ganharam-se novos conhecimentos, conquistaram-se novas amizades, contaram-se dezenas de histórias, verdadeiras umas, nem tanto, outras.
À luz ténue de um coto de vela emprestado, o 1º cabo Costa redigiu meia-dúzia de frases numa folha de papel de bloco amarrotado, mas simpaticamente cedido pelo soldado Casqueira.
“— Querida mãe e irmãos. Escrevo para lhes dar a saber que cheguei bem de saúde ao quartel. Estou no interior, numa pequena vila, muito longe da cidade. Os que já cá estão contaram-me coisas que não sei se devo ou não acreditar, mas tudo se há-de compor. ... ... ... Adeus até ao meu regresso.”
A primeira mensagem escrita da zona de guerra para a família, na esperança de conceder-lhe um pouco de apoio moral, está pronta para seguir no próximo correio.
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