Tuesday, November 29, 2005

QUINTA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 1973

A derradeira etapa deste longo percurso iniciou-se pelas cinco horas da manhã. Feita, na véspera, a integração da tropa local, dispersa pelos quatro pelotões de combate, a coluna de escolta militar às viaturas civis, com destino à fronteira do Malawi, iniciou a marcha ao encontro da coluna descendente do Nordeste, em lenta velocidade, à saída da cidade carvoeira de Moatize.
No lugar conhecido por Cruzamento de Caldas de Xavier, confluência de três estradas, de terra batida, fez-se a permuta da escolta militar, sem demoras inúteis. Todos ansiavam poder regressar ao quartel e descansar da árdua tarefa da picada.
Impondo um andamento mais rápido, pois a picada estava “aberta” — mesmo assim é sempre possível encontrar desagradáveis surpresas — a coluna estendia-se pela estrada, serpenteando o capim alto, esconderijo de desconhecidos mistérios africanos.
No firmamento, as nuvens, também elas, por esta vez, negras, corriam velozes. O vento soprava forte, espalhando no ar o pó da terra, repleta de lombas e covas.
É costume militar na chegada de novos contingentes, os mais velhos prontificarem-se a contar histórias — quantas delas verdadeiras? — de feitos bélicos acontecidos na sua área de jurisdição, não sem antes misturarem uma pitada de humor negro.
É uma forma pacífica de entrar num clima de guerrilha.
Entre narrações de cabeças decapitadas e fugas vitoriosas, episódios de urticária das micoses e paludismo, de minas e emboscadas, os “checas”, título atribuído aos recém-chegados à Província, são introduzidos no seu novo habitat.

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