Friday, November 18, 2005

"GUERRA" COMBINADA

_ Cheira-me que isto vai ser uma cowboiada! _ dizia-me um companheiro de armas, justificando a sua afirmação com a narração de anteriores desempenhos. Apesar das grossas nuvens escuras, choramingando ligeiras bátegas de chuva, a Companhia subiu ao alto de Santa Luzia e instalou-se em terrenos propícios para o tipo de exercício proposto. Três panos de lona, atados em esforço comum, e eis uma pequena tenda tornada abrigo provisório, pronta para enfrentar as intempéries que se avizinhavam.
Quando a alvorada acordava, já o 1º Pelotão montava um cerco ao “inimigo”. Sorrateiramente, os “invasores” camuflaram-se e, ao sinal de
comando, despejaram um girândola de pólvora seca sobre o terreno do IN.
Puro engano. O verosímil está distante da realidade. Da quase nula
reacção vinda do “aldeamento” atacado, à saraivada de balas secas com que foram escorraçados, pelas costas, só uma pequena brecha aberta nas hostes adversárias permitiu a fuga, seguida de valente censura e correcção orientada pelo alferes. E, enquanto uns cantavam glórias, outros maldiziam a sorte, cuspindo a lama abraçada à farda, depois de ganharem mais de 50 metros, a rastejar.
_ E isto é a fingir. Em África, será a sério. Se esta palhaçada fosse lá, estavam todos mortos. _ berrou o alferes

A sucessão dos dias continuou com a montagem de emboscadas fictícias, golpes de mão, acabando num aperto de mão, à volta de uma cerveja, e patrulhas embrulhadas no pinhal. Valeu a experiência de, pela vez primeira, os militares poderem fazer o baptismo de voo em helicóptero e testarem o (des)conforto dos velhos Alouettes, em campanha.


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