Wednesday, August 16, 2006

SEGUNDA-FEIRA, 16 DE SETEMBRO DE 1974

Hoje é um dia lindo! Uma coluna militar deslocou-se a Tete sem qualquer tipo de problemas. Mas a melhor notícia do dia foi-nos transmitida à noite, após o regresso da coluna. O comandante da unidade, perante a Companhia, em formatura, informou:
— Militares, tenho uma boa nova para todos nós. Até ao final do presente ano civil, regressaremos a Portugal, às nossas casas, ao seio da nossa família.
O contentamento dos militares explodiu. Indescritíveis foram os momentos que se seguiram a esta notícia.
Mesmo à luz de um pequeno coto de vela de estearina, alumiando as tendas de lona, os soldados, com o coração aos saltos, sonhando o próximo encontro com a esposa, os filhos, a namorada ou os pais, rabiscaram singelas mensagens, nas quais extravasaram toda a verdadeira alegria que lhes inundava a alma. E há quem já tenha ultrapassado o número cem nas cartas enviadas para casa.
O Cara de Bife, exprimindo a sua alegria pela novidade da certeza do regresso à Metrópole, resolveu colar os lábios no bocal da corneta e vaguear pelo quartel, retinindo improvisadas cançonetas.
— Porra, pá! Vai tocar essa merda para outro lado. — gritou o alferes Vale, correndo esbaforido para a messe.
— Meu alferes, a gente volta para casa. — retorquiu o soldado, sorrindo.
— E tu vais é apanhar gambozinos para o mato, não demora muito! — exclamou o sargento Elias, degustando uma Laurentina.


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