Wednesday, August 16, 2006

TERÇA-FEIRA, 13 DE AGOSTO DE 1974

Ontem, houve uma banja dada pela Frelimo, no campo de futebol do Seminário. De acordo com o furriel Carlos Marques, assistente ao acontecimento, a população presente seria em número próximo ao milhar, para mais. Falou o comissário político da Frelimo, no Malawi, indivíduo possuidor de grandes dotes na oratória e no trato com as pessoas. Dissertou, durante quatro horas, sobre a Frelimo, os seus objectivos, a paz que se deseja e o futuro de Moçambique. Aqui e ali, a oratória do comissário era interrompida, sendo então executados vários cânticos, a quatro vozes. No fim, foram distribuídas bandeiras em papel, do Movimento de Libertação de Moçambique, tendo o furriel trazido algumas para o quartel.
A coluna do 1º pelotão, à passagem pela Cantina do Delfim, encontrou um grupo de frelimos. Claro, os camaradas, como bons militares, inseparáveis companheiros das Kalashes, saudaram o pessoal. Devem estar a comer-nos pelas costas!
Podemos, contudo, afirmar que têm sido feitos grandes progressos no Zóbuè, nos contactos com a Frelimo. E quem ganha com isto é a tropa, que está cá obrigada, em comissão de serviço, são os guerrilheiros que podem dar a cara nas suas acções e, principalmente, a população local que pode retomar a sua vida normal, trabalhando nas machambas e cultivando a terra que é rica em produção. Pena os terrenos polvilhados com napalm não produzirem nada durante vários anos por contaminação.

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