Saturday, February 11, 2006

SÁBADO, 2 DE FEVEREIRO DE 1974

O 1º grupo de combate iniciou a coluna sem que as viaturas tivessem repousado. Foi apenas um curto espaço de tempo necessário para aparelhar o rebenta minas, substituir os cunhetes de munições, trocar o saco do correio e reabastecer de combustível as viaturas. A Berliet nem chegou a silenciar os cavalos do motor. Com um parque auto demasiado restrito, desgastado e avariado, — temos de viver com todas as condições postas ao nosso alcance, — só nos resta tentar fazer pelo melhor em cada uma das nossas acções.
Uma enorme carga de água abateu-se sobre a picada, transformando-a num vasto lamaçal. Mas “chuva civil não molha militar”, não é verdade?
A partir de hoje, na nossa coluna, fazemos escolta, força de reacção e cerra-filas.
Em Mussacama, à entrada do antigo quartel, um negro foi apanhado numa das muitas armadilhas deixadas pelos seus ex-inquilinos. A curiosidade nem sempre é boa conselheira. E neste caso, a sorte foi madrasta. E o homem, tropeçando no arame, camuflado com as ervas do terreno, foi vítima de uma granada de mão defensiva. Se conseguiu escapar, não sabemos. A prova é que deixou uma sandália afogada num charco de sangue.


0 Comments:

Post a Comment

<< Home