Sunday, May 21, 2006

DOMINGO, 26 DE MAIO DE 1974

Um grupo de combate foi escoltar um carro civil que transportava gado bovino para a Viúva Henriques. No regresso, via Angónia, trouxeram 10 Berliets “esquecidas” lá pelos lados de Vila Coutinho.
— Uns com demasiado, outros sem nada!
À tarde, jogo de futebol com os seminaristas. O pessoal jogou muito mal, sem organização nem espírito competitivo. E também os nossos melhores jogadores não estiveram em campo. No outro lado, a equipa adversária parecia que jogava com o apoio das divindades cristãs.
Abriu a caça às béuas! Os soldados do contingente local lançaram-se ferozes, em busca das béuas. É a oportunidade de se alimentarem com carne fresca, em pleno mato.
Em silêncio, esgravatam a terra, onde o cheiro a urina dos roedores é mais intenso. Introduzem os braços nas tocas cavadas pelos animais e apertando-os com as mãos cerradas, puxam-nos para o exterior. Atirados ao chão com estranha violência, depois seguram na presa pela ponta da cauda para espezinhar-lhes a cabeça.
Se em operação pela mata, as béuas são, em seguida, assadas num pequeno braseiro, acabando consumidas como uma dádiva da natureza. Por outro lado, se os soldados estiverem no quartel, depois de consumada a caça, as béuas são entregues às mulheres que os aguardam na sanzala, junto do quartel, para serem depositados numa panela, onde jazem outros murganhos, esperando a ocasião para lhes proporcionar uma fausta refeição, acompanhada com fuba cozida e molho de caril.
Se este curioso procedimento repugna os militares europeus, o mesmo podemos dizer da caça aos caracóis encetada pelos soldados brancos, por ocasião das chuvas. É, então, o momento dos africanos se repugnarem com tão natural e especial iguaria portuguesa.

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